quarta-feira, agosto 25, 2010

Lufada de odor acre

"Em tempos de fome as pessoas comiam os seus próprios membros mas isso não as prevenia de ter boas maneiras com o Senhor."


Manuel de Sardenha (rapaz de 30 e poucos anos solares) ficava impávido enquanto vislumbrava a sua mãe retalhada em pequenos pedaços (suculentos) à espera de toda a espécie de "bichos" (o corpo já havia sido cortado há alguns dias). A loucura era normal.

Por vezes passava dias a matutar sobre o que realmente podia ter originado tal "Apocalipse". Ainda se lembra dos momentos macabros que viveu a esconder-se de grupos de crianças de 5/6 anos que o perseguiram durante duas semanas pelas ruas de S. Paulo (numa terra de nome Brasil).
Já não se lembrava do que o tinha levado a ir ao Brasil mas tinha a certeza que teria sido uma pessoa.

Uma das recordações que o mais perturbava era a 1ª criança que teve de assassinar de forma fria. O que o mais irritava era que ela podia ter sido simplesmente mais uma criança que havia passado por ele. Lembrava-se ainda das pequenas mãos cheias de terra caídas inertes no chão. Chorava.

Nota final: lembrem-se: os tempos só são difíceis para quem os quer ver como tal.

P.s.: em homenagem ao "homem dourado".

sexta-feira, abril 10, 2009

O corpo dá-nos sinais quando precisa de atenção. Desde as dores de garganta até às dores musculares, o corpo avisa-nos quando se sente mal. E para cada tipo de dor procuramos solução, seja com um comprimido, seja com uma operação ou através do mero descanso. Quando não encontramos solução, iremos procurar com todas as nossas forças aquilo que o corpo precisa, de forma a evitar a morte.
A alma também nos dá sinais quando precisa de atenção. É indescritível a dor subjacente ao pedido mas é inegável que se pode comparar a muitos dos acidentes estrondosos que deixam as pessoas disformadas. No entanto, se nos distanciarmos o suficiente, conseguiremos viver com essa dor, não procurando encontrar a milagrosa solução que queremos. Nesse caso, ficamos igualmente disformes, nunca conduzindo a nossa vida como seria desejado; nunca cumprindo o possível propósito da nossa existência.
Mas não se enganem; não considero que o objectivo deverá ser evitar a dor, quer física, quer emocional. Não. Se temos a capacidade para sentir dor, não poderemos considerar que se trata de um erro de construção a evitar. Apenas afirmo que a dor existe para nos chamar a atenção para que não descuremos o nosso corpo, quem somos e quem queremos ser.
Também não quero dizer que se estou sem dores, devo continuar a procurar por prazeres superiores. Mas para ser franco, são fugazes os momentos em que estou sem qualquer tipo de dor. A mesma tarte de maçã acabadinha de fazer poderá não voltar a saber tão bem se não for feita por aquela pessoa; o sol a bater-me na cara poderá não iluminar o meu dia como naquela manhã com aquela mulher. A diferença é que também não procuro esse mesmo prazer por uma simples razão: sempre que pensar, sonhar e reviver, serei catapultado para essa parte da minha vida através da memória e assim matarei todas as saudades.
Todo este pensamento cansou-me e deprimiu-me. Já não sei porque escrevo, porque partilho tanto e nunca sinto que recebi algo em troca. Talvez já tenha aliviado a dor a alguns com promessas de humor e estupidez, e talvez já tenha provocado dor naqueles que não concordam ou pura simplesmente se questionam "porque és assim?". O oposto? Chego ao ponto de receber comentários distintos não pelas palavras mas pelo autor e pelo contexto. Quem me dera não ter que justificar o que escrevo. Não, quem me dera não voltar a escrever novamente. Este remédio perde cada vez mais o seu efeito. Deixo este post inacabado pois estou farto de teorias; já não quero pensar em teorias; não quero escrever mais.

sexta-feira, abril 03, 2009

Ultima Hora

Ontem, dia 2 de Abril, a jovem comunidade do Sabugo Suado acordou sobressaltada quando às 03:35, soou o alarme do quartel dos bombeiros voluntários.
Em declarações exclusivas ao jornal "Ninfomaniacas Açorianas", o comandante dos bombeiros reitoerou a importância de se renovar o telhado do quartel de forma a evitar a entrada do sol e apoiou a descida do preço do Casal Garcia no café Amor, também conhecido por café do Tó Pipas. Munido de uma Super Bock, o comandante, que pediu para permancer anónimo, começou então a despir o seu uniforme de forma lenta, tendo tropeçado por duas ocasiões na perna esquerda e uma terceira vez num cão vadio, de nome Choninhas. Ostentando apenas a roupa interior, nomeadamente uma camisola branca de alças tamanho S com a mensagem "Capitão Pilinha" e uma tanga esverdeada, o comandante realizou uma infracção grave, urinando em frente a casa da Senhora Olginha, que felizmente estava fora em serviço. Por fim, o comandante andou à roda ao pé cochinho até perder os sentidos, caindo na berma do passeio da rua da Moda.
Em relação ao motivo de alarme, ainda esperamos a resposta do chefe da polícia que, pouco depois de testemunhar a infracção grave, telefonou à Senhora Olginha para agendar uma reunião de discussão do sucedido. Ainda estamos a averiguar o resultado do encontro mas podemos desde já adiantar que a reunião realizou-se às 04:02 no banco de trás de um Fiat Panda de 1992 de cor branca e que foram servidas bifanas com mostarda, oferta do café Amor.

terça-feira, março 17, 2009

Copo meio cheio

No despertar repenso tudo de novo... Nos tempos em que era feliz e pedia aos anjos... Pedidos amorosos... Pedidos perdidos na inocência do nada... Cheguei até, em tempos de fé, a pedir a minha redenção tal era desespero que rondava a minha natureza mas esta protegia-se e afastava tudo e todos.
Num acto último de fuga escavava interiormente vislumbrando um passado e num impasse visual via uma criatura de uma natureza perdida e morta... Serei eu?

[Pausa para ir mudar de blog]

Já passava do meio dia quando subo ao telhado (com os headphones gigantes) vejo um cenário de destruição onde havia beleza. Caí destroçado, com os joelhos no chão. Era quase o fim...
No horizonte avistava prédios sem último andar onde era visível alguns fogos aqui e ali... Nalgumas ruas era a correria, o tropeção e muitas vezes o atropelamento humano. O que seria que provocava tamanha destruição?
Algumas alucinações que tinha faziam-me recordar que estava vivo e isso era exótico. Pensava que estava num filme.
Pensando em algo prático decidi pegar no bloco de notas (que tinha encontrado na mesa do escritório do Sr. António) e fui anotar o que quer que fosse que me pudesse indicar se era algum exército que justificava a criação ou o concerto de tal paisagem dantesca. Como sempre, tinha imaginado que tal ambiente faria-me sentir em casa mas nunca soubera explicar esta sensação de felicidade querida que sentia. Nesse mesmo instante lembrei-me da Maria que tinha deixado na casa do sr. Hugo. Pensando que era seguro, via daqui que a casa tinha sido pilhada e estava a arder tal e qual como se fosse uma lareira. Não conseguia conceber que ela tivesse ficado lá mas só de "aceder" a tal pensamento fazia-me tremer e quase tinha que encostar-me em algum lado.
Nunca percebi o que sentia por ela mas pela definição implícita na maioria dos filmes de Hollywood (românticos claro) e por conversas de amigos penso que teria um "crush" de intensidade gigantesca. Sentia-me indefeso e não suportava que alguém me controlasse daquela maneira mas ao mesmo tempo também tentava sempre apoiá-la em qualquer dificuldade "pública" que ela tivesse. Resumindo era um parvo, cobarde e merecia tentar a minha sorte com outra mas o mais cruel é que nunca tinha funcionado assim e não seria agora.
Como era um rapaz novo talvez fosse por ser uma paixão... Mas o que é isso?
De repente acordo das minhas brutalmente superficiais derivações românticas e fico relutante em acreditar no que estava a ver. Em poucas palavras a cena podia ser descrita como que o abrir de um pedaço enorme de terra que estava a enrolar-se como se fosse papel (ou uma fatia de pizza por ex.) e a partir tudo o que se encontrava no meio. Era completamente apocalíptico e tranquilizou-me.

[Mais uma pausa para mudar de blog]

No estilhaçar do mundo ouvi gritos, choros de morte e deitei-me.

Notas sem relação: depois da conversa no Zdb foi visível que houve um pequeno abate na consciência de dar vida a este blog mas, mais uma vez, fica aqui o meu pequeno excremento. CHEIREM-NO! Mas espera aí eu "postei"! Evento raro só digo isso^^

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

No mind, just words

A pinta do míudo que sacou do whiskey aqui falando só não sobrava para a multitude do existencialismo pois falando em termos retrocedistas e realisticas, a imensidão da verdade é obscura aos olhos da liberdade pelo que a pita nada sabe do que menciona pois a relatividade da existência encara o tempo como algo do passado e olha para o futuro no espelho da vida prevendo todos os seus movimentos, reconhecendo o ser que visiona como algo do passado que é imutável e irrelevante.
Assim sendo a realidade da utopia está em atingir tudo aquilo que se pretende sem o ter na realidade feito dado que introspectivamente já se teve a vida de vários homens e testemunhou-se a sua morte aos olhos de alguém que nada sente e apenas vê, pois assim se evita o sofrimento que inubitavelmente estaria inerente a uma emoção irracional que não é digna de um ser humano.

sábado, fevereiro 21, 2009

Clip da semana

Assim até eu queria ir ao dentista!

domingo, fevereiro 08, 2009

A possibilidade eventual de uma escolha que abisma o meu ser

E se tiver que fazer escolhas?
Escolher quem vive
Escolher com quem jantar
Escolher quem morre
Escolher quem amar
E se não escolher?
E se falta a candidata
Escolho não escolher?
Falta o número certo!
A escolha não é possível
As obras ainda não terminaram
E o trabalho ainda está por fazer
Ainda quero ver o mar
Mas e depois?
Quando tudo estiver sobre carris
Escolho não escolher?
Tiro esperança a quem a tem
Só porque falta a candidata?
Vejo um muro à frente e procuro a porta
Para passar para o outro lado
E se tiver que trepar?
Trepo e arrisco-me a cair?
O tempo continua a passar
E nada se avizinha
Talvez nem tenha que escolher
Sim, é isso,
Vou assumir que não há escolha a fazer
E assim não magoarei ninguém
Ficarei deste lado do muro
Pois não tenho escolha
E se não tenho escolha, não me posso culpar a mim
E não deverei sentir-me mal ou ansioso

Bem,
Então porque é que estou tão ansioso?
Tenho que voltar a largar o peso do mundo
Nesses 5 minutos da minha vida fui feliz
Que se foda quem magoarei ou deixarei de magoar!
Se tiver que escolher, os meus amigos vão apoiar
Pelo menos assim o espero.
Caso contrário, não são amigos...