terça-feira, fevereiro 14, 2006

Tá calor, cuoralho!

Tem estado calor. Para mim até é o suficiente para ir para a praia mas os aneurismas não mo permitem. Mas ao menos posso relatar o que seria um típico dia na praia avec moi e mais uns bacanos que conheço…
Vê-se o mar ao longe. Que nem um lobisomem com cio na Lua cheia, transformo-me num animal. Correndo histericamente e usando por vezes as quatro patas, vou para a areia e começo a marcar o território. Após cobrir uma zona correspondente a um quadrado triangular curvilíneo em elipse, encaro a água. Desta vez, rebolando e deixando a roupa pelo caminho, levo os meus valores comigo e entro dentro da água. Ainda bem que vi todos aqueles episódios das Marés Vivas pois sei correr com mestria com a água pelos joelhos. Ao longe consigo ouvir um dos tugas a gritar: “Olhó choque térmico!”. Sem escolha, paro de correr e, utilizando correctamente a língua portuguesa em meu favor, respondo: “Choque térmico é a tua mãe!”. Vejo uma onda a formar-se. Preparo-me para mergulhar… E pronto… O pior aconteceu………....................................................………………chapão genital.
Reflicto sobre a minha vida enquanto bóio ao ritmo da maré. Ao fim de 2 minutos fico farto e limito-me a olhar para um caranguejo que jaz sem vida no fundo do oceano. Concluo que o animal teve uma vida mais emocionante que a minha… Enfim, lá consigo despertar com uma dor lacerante nas partes baixas. Os meus colhões emigraram para o cérebro em busca de uma explicação para tamanha estupidez. Encontrando as portas fechadas e o crânio abandonado, iniciam uma manifestação, exigindo a tomada de poder do corpo. A manifestação acaba ao fim de 5 minutos, culminando com as míticas palminhas da Catrina.
Mexo-me. Ponho os pés na areia e, desejando partilhar a minha dor com mais pessoas, incito os bacanos a entrarem para a água. Na realidade estou prestes a ver uma das maiores transformações de todos os tempos, capaz de criar 5 cabelos brancos na cabeça de muitos macacos!
Os 2 tugas encaminham-se para a água. O seu discurso é simples e tipicamente machista: “Ó Cuorolho! Tenho um colhão em Vénus, o outro em Mercúrio, e já conheci vida em Plutão! Toma lá! Shopmaballs!” [sim, é verdade, o homem diz: comprem-me as bolas, vá-se lá saber porquê…]. Ao que o outro responde: “Ai é? E eu tenho um cesto de basqueteball em cada mamilo que até dá para marcar três pontos! Toma lá! Nhanhanhanhanahnha!” [a última parte é deveras intimidante…].
E agora o momento mágico. A partir do momento em que a unha do dedo mais pequeuino do pé entra em contacto com a areia molhada, toda a masculinidade começa a esvair-se dos homens. Inicialmente os seus berros eram possantes envolvendo cerca de 47 palavrões por segundo. Mas, já com a água pelos tornozelos, os seus braços estão bem erguidos no ar e são agitados de forma a simular o movimento gracioso de uma bailarina, sendo acompanhados por frases como: “Ai, ai, ai! Os meus tomatinhos!”. Um miúdo de 3 anos que brinca na água, preocupado, encara um dos tugas: “A água não dá dói-doi. Vê. Faz spuash e dá pa bincar!”.
Enquanto isso, eu exercito todos os meus conhecimentos adquiridos com anos de natação e bóio de cabeça para baixo, optando por respirar de vez em quando. Após 45 minutos, as moçoilas chegam a onde eu estou. “Finalmente” digo eu, ao que respondem: “Bem. Vamos sair que a água está fria.”
O resto do dia passo a boiar enquanto os tugas grelham na areia, virando ocasionalmente para deixar marinar o suor. Chego quase a adormecer até que um miúdo aproxima-se de mim e espeta-me com uma pá no braço para confirmar se eu estou morto e roubar-me os meus valores. Abandono a água, junto os meus pertences e, já sem o cio, volto à minha habitual estupidez e saio da praia com os bacanos que, após duas representações do “Lago dos Cisnes”, retomaram a sua masculinidade.
E pronto! Seria este um dia típico na praia……….para mal dos meus genitais…