quarta-feira, julho 25, 2007

Tired

I scratch my back
And feel mountains.
The world is heavy
And sometimes I get tired.

I have no place.
Nowhere to breath.
All my problems are there.
They follow me everywhere.

Life sometimes isn´t there
But I don´t feel pain.
I just become numb
And tired... So tired...

I can´t feel the sun
That enlightens my day,
That gives me other purposes
Besides facing my problems.

Sometimes I need support.
Someone to help me.
I´m afraid I can´t bear it,
I can´t do it alone.

But then new thoughts come to mind:
Don't be selfish.
Don't drag people down with you.
They don't deserve it.

They will find someone.
Someone that has less:
Less problems,
Less complications.

And me?
I have to do this alone.
Not because I want to,
Just because...

Is it fair?
Do I deserve it?
I really don't care.
It's my life.

segunda-feira, julho 23, 2007

Ilusão

Talvez seja uma reacção comparável à de um indivíduo que fica feliz por engatar uma gaja boa, mas que na realidade é um travesti. No lo sei. Mas uma coisa é certa. Existem momentos fugazes nas nossas vidas em que temos a ilusão que vamos passar um bom bocado no futuro. Ter 4 dias de fim-de-semana durante 4 meses é um desses momentos. Se bem que estou a pagar caro por isso e trata-se do Outono, o simples facto de somente ter aulas 3/7 das vezes e umas mini-férias por semana, faz-me pensar: devia ter pedido para ganhar o Euro Milhões porque já que estou numa de ter sorte, aproveitava. Para quem viu o filme "Click" com o Adam Sandler, as minhas feições neste preciso momento assemelham-se às dele quando termina o coito de 10 segundos. É impossível lutar contra isso por isso, me za gonna go with the flow. Relax.... U, ié, for jamming..... pa tchi wa...

segunda-feira, julho 09, 2007

Ouvi contar que outrora

Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na
Cidade E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.

À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.

Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.

Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.

Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.

Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.

Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.

Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.

A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.

Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.

Ricardo Reis

Perdido

Há uma cena que eu não percebo.
Porque é que sempre que andas em frente, só vês o caminho percorrido?
Porque é que os fantasmas do passado te atormentam o espírito?
Porque é que quando dizem que és novo
Só penso no que já fiz
E no que falta fazer
E noto que não fiz nada do que queria.
Concordo que havia cenas que eram um bocado estupidas...
Mas nem as mais simples ainda fiz
E o olhar de quem diz que sou novo
Já muito tinha percorrido com a minha idade.
Será que a culpa é dos outros?
Da "minha" geração limitada no sonho pois não tem tempo?
Ou será que sou eu?
Percorro o caminho de costas
Pois tenho medo de tropeçar quando olhar em frente
Se um dia olhar em frente...
Talvez, seja eu
Tenho tanto medo que o passado me esfaquei as costas
Que decidi ignorar o futuro.
Proteger-me.
O que é curioso é que se o faço só estou a tentar sobreviver
E aquela história do viver que tanto apregoei vai-se por água abaixo.
Talvez seja isso o que gajos idioticos como eu fazem
Escrever sobre o que querem ser
Não o que são.
Senão, vejamos
Qual era o otário que iria perder tempo a escrever coisas
Em noites de insónias
Se estivesse a viver como queria?
Quando era puto não era isto que sonhava
Mas é bastante mais fácil escrever
Do que falar, agir, viver.
Basicamente, é só garganta.

Lembrei-me dum poema.
Nada destas merdas que faço para me entreter
Este sudoku de palavras.
Um poema a sério.
Vou procurá-lo.
Já me acompanha o espírito faz anos
Apesar da razão o combater
E como não tenho nada melhor para fazer...