Um individuo não tem nada que se comparar a si próprio com outros com base numa avaliação de um terceiro, que muitas vezes é subjectiva ou, no mínimo, extremamente limitada. Digo com base em terceiros pois, em última instância, é isso que molda a avaliação que fazemos de nós próprios, mesmo que de forma distorcida. Não lhe serve de nada comparar; só lhe alimenta o ego. É bom que todos tenham ego mas não em demasia e jamais desta forma. Isso é mau porque surge a tendência de se partir do particular para o geral. Ao sentir que é melhor numa infima coisa, pensa que é melhor em tudo; que é uma pessoas melhor. E isso acontece em tudo na vida; ora fruto de uma avaliação formal, ora fruto de uma avaliação informal.
Ficaria deveras entretido se pudesse observar uma pequena experiência que testasse isso. Supondo que cada pessoa era avaliada segundo os critérios por ela escolhidos, de tal forma que só ela sabe se a sua avaliação é boa ou má, não a conseguindo comparar com ninguém. Por exemplo, um mesmo avaliador, com uma avaliação idêntica e positiva para duas pessoas, diz a uma que é uma grande puta e a outra que é fofa aos Sábados. Seria de se esperar que ambas se sentissem satisfeitas com tal avaliação. Mas, na realidade, sentem que ainda podiam ficar melhor... “Quanto é que teve o outro?” “Certamente que grande puta é mau por isso eu devo ser melhor.” “Fofa aos Sábados parece ser medíocre por isso ele deve ser pior que eu.” A curiosidade acabaria por levá-los a criar um sistema comum que lhes permitisse fazer comparações. E tudo isso para se poderem sentir um pouco melhores, mesmo havendo o risco de ficarem piores... Quão tacanha pode ser a mente humana que nunca fica satisfeita com nada? Se somos estupidos, ao menos que o admitamos!