São momentos como ver um Especial de Natal do South Park no pingo do Verão, ou olhar fixamente para um chinelo azul roto, ponderando no que irei escrever aqui, que me fazem “pensar”: “Que bom que é estar de férias! Acordar a meio da tarde para não fazer um cu, estar de papo pó ar na praia, boiar como um monte de merda no mar, usar a percentagem do cérebro que me permite não salivar incontrolavelmente... Resumindo: que bom que é não ter que pensar!”
E o que é curioso é que parece que não faço tanta merda nesta altura como naquela temerosa e sombria altura que me persegue durante a noite, tal e qual como vinte anões violadores, munidos de machados que gritam: “Xigou a ora de cortarte a madera”, deixando-me coberto de suores frios e a berrar histéricamente. Talvez faça tanta merda como sempre mas as pessoas não notem porque também deixaram de pensar...
Gostaria de acreditar nisso. Uma sociedade inteira que deixa de pensar para começar a sentir, que pára para ver o céu, o mar, os chinelos azuis e rotos, ou seja, a vida. Mas as coisas não são tão simples... Por menos dois grupos de pessoas combatem a simplicidade da existência. Falo só em dois porque são os da minha geração...
Temos os bacanos que esquecem a vida: enfrascam-se até deixarem de pensar porque sem alcool não são capazes, mas depois apanham uma piela tal que acabam por se esquecer do que viram, do que sentiram... Por isso, voltam no dia a seguir a enfrascar-se até conseguirem lembrar-se. E com estas andanças vão deixando passar a vida, até que um dia dão conta de que já são uns velhos carecas de 40 anos que se limitam a peidar no sofá enquanto mudam de canal e abrem mais uma cerveja. Falo em alcool mas há pior...
Depois temos os bacanos que não querem deixar de pensar. Não percebem porque é que alguém põe se quer em consideração esquecer-se de todas aquelas fórmulas matemáticas, esquecer-se que os pêlos do cu são proporcionais aos do nariz, etc. Acham tudo isso mais importante do que viver a vida e por isso perdem-na em busca de mais conhecimento, de mais fórmulas, de mais cenas estupidas que não interessam para nada. São esses os que têm mais medo da Morte. Porquê? Porque nenhum conhecimento lhes diz o que isso implica e porque não sabem o que fazer para evitá-la. Por isso estudam mais para a compreender, eventualmente criam uma família entre o trabalho só para que ninguém possa dizer que não estão a “viver a vida”, e voltam a estudar.. Até que a Morte aparece, sem aviso e completamente a cagar-se para as conclusões a que possam ter chegado... Esses bacanos odeiam as férias pois isso implica ausência de trabalho e de estudo.
Mesmo assim, tenho uma coisa em comum com eles: odeiam as férias da mesma forma que eu odeio o que não é férias, ou seja, aqueles meses em que me obrigam a pensar, para continuar a viver. Odeio ter que me tornar num ciborgue duas vezes por ano, mas gosto demais da vida para não me sacrificar um pouco...
Assim, são momentos como ver um Especial de Natal do South Park no pingo do Verão, ou olhar fixamente para um chinelo azul roto que me fazem “pensar”: “que bom que é não ter que pensar!”.
E o que é curioso é que parece que não faço tanta merda nesta altura como naquela temerosa e sombria altura que me persegue durante a noite, tal e qual como vinte anões violadores, munidos de machados que gritam: “Xigou a ora de cortarte a madera”, deixando-me coberto de suores frios e a berrar histéricamente. Talvez faça tanta merda como sempre mas as pessoas não notem porque também deixaram de pensar...
Gostaria de acreditar nisso. Uma sociedade inteira que deixa de pensar para começar a sentir, que pára para ver o céu, o mar, os chinelos azuis e rotos, ou seja, a vida. Mas as coisas não são tão simples... Por menos dois grupos de pessoas combatem a simplicidade da existência. Falo só em dois porque são os da minha geração...
Temos os bacanos que esquecem a vida: enfrascam-se até deixarem de pensar porque sem alcool não são capazes, mas depois apanham uma piela tal que acabam por se esquecer do que viram, do que sentiram... Por isso, voltam no dia a seguir a enfrascar-se até conseguirem lembrar-se. E com estas andanças vão deixando passar a vida, até que um dia dão conta de que já são uns velhos carecas de 40 anos que se limitam a peidar no sofá enquanto mudam de canal e abrem mais uma cerveja. Falo em alcool mas há pior...
Depois temos os bacanos que não querem deixar de pensar. Não percebem porque é que alguém põe se quer em consideração esquecer-se de todas aquelas fórmulas matemáticas, esquecer-se que os pêlos do cu são proporcionais aos do nariz, etc. Acham tudo isso mais importante do que viver a vida e por isso perdem-na em busca de mais conhecimento, de mais fórmulas, de mais cenas estupidas que não interessam para nada. São esses os que têm mais medo da Morte. Porquê? Porque nenhum conhecimento lhes diz o que isso implica e porque não sabem o que fazer para evitá-la. Por isso estudam mais para a compreender, eventualmente criam uma família entre o trabalho só para que ninguém possa dizer que não estão a “viver a vida”, e voltam a estudar.. Até que a Morte aparece, sem aviso e completamente a cagar-se para as conclusões a que possam ter chegado... Esses bacanos odeiam as férias pois isso implica ausência de trabalho e de estudo.
Mesmo assim, tenho uma coisa em comum com eles: odeiam as férias da mesma forma que eu odeio o que não é férias, ou seja, aqueles meses em que me obrigam a pensar, para continuar a viver. Odeio ter que me tornar num ciborgue duas vezes por ano, mas gosto demais da vida para não me sacrificar um pouco...
Assim, são momentos como ver um Especial de Natal do South Park no pingo do Verão, ou olhar fixamente para um chinelo azul roto que me fazem “pensar”: “que bom que é não ter que pensar!”.
1 comentário:
"Acham tudo isso mais importante do que viver a vida e por isso perdem-na em busca de mais conhecimento, de mais fórmulas, de mais cenas estupidas que não interessam para nada."
Estás a ver tudo ao contrário... Esses são os que ganham a vida a inventar novas cervejas, sofás e televisões ;-)
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