terça-feira, junho 27, 2006

Bring it on, bitch!

Gosto de falar de tudo o que não implique apenas conhecimento. E o que tem piada é que praticamente tudo não é apenas conhecimento mas também opinião. Pode alguém dizer que uma camisola é amarela e ter inúmeras pessoas que não concordam, desde os pintores que especificam o tom de amarelo e criticam quem restringe o número de cores, até aos daltónicos que, pura e simplesmente, não vêm o amarelo. Quem tem razão? Eu, porque vejo aquela cor? Eu, porque sei que a maioria das pessoas concorda comigo? Desde quando os números dão razão? Pode muito bem a minoria estar certa. Não seria a primeira vez...
Então, quem tem razão? Francamente, tou-me pouco cagando. Sempre que alguém diz que está certo, basicamente está a dizer às restantes pessoas que estão erradas. E o que ganha com isso? Sente-se bem, compreendo. Mas há outras formas.
E se estivessemos todos errados e certos ao mesmo tempo? E se os jogos de futebol não tivessem marcador? Ninguém via, não é? Certamente que a forma mais fácil de atingir a felicidade é à custa de outrém. Podemos criticar isso? Não. O casal só é feliz porque está com quem ama. Ah! Mas aí é que entra a questão. No caso dos casais dos contos de fada e de alguns (esperemos que nunca sejam raros) reais ambas as partes estão felizes. No futebol, argumentações e afins só uma parte saí por cima, há vencedores... e perdedores...
Apesar disso, continuamos a ir pelo caminho mais fácil... Para além de egoístas ainda somos preguiçosos. Porque não encaramos a dificuldade como um desafio? Sempre que nos esforçamos por agir da forma certa ganhamos; sempre que resvalamos para a lama, perdemos. Tão? Mas perdemos para quem? Para o nosso pior adversário: nós. Não há crítica maior do que a fazemos a nós próprios. O problema é que nem todos ouvem aquela vozinha irritante que nos diz que estamos a fazer merda quando realmente estamos a fazer merda. Há até quem pense que não a tem e por isso, qual prostituta alada, faz o que lhe dizem sem reflectir. Os conselhos são sempre grandiosos mas não passam disso. A decisão cabe ao próprio e mais ninguém. A mítica frase “a culpa é tua” demonstra um pouco de cobardia. Bem, isto vai aumentando! Já somos egoístas, preguiçosos e cobardes. Mais alguma sugestão?
Vou agora ao cerne da questão: eu sei de algo porque sinto que é assim. Estou certo e ninguém me pode convencer do contrário. Estão os outros errados, apesar de terem o mesmo discurso que eu? Nem pensar! Simplesmente não partilhamos o mesmo conhecimento. Mas se o conhecimento é igual para ambas as partes e não há acordo, então como é que é? Sobra a opinião e, como tenta demontrar sentimentos, não há certo nem errado. Acho que isso é o mais importante na comunicação, num sentido mais open minded.
Comecemos então uma pequena rave de posts/comments de opiniões para ver quem tem mais razão (lol) e tentemos ser o mais estupidos possível. Não me interessa se concordam ou não comigo; opiniões é que era bacano. Tá 0 a 0, ganha o vencedor.

4 comentários:

Tigas disse...

Além de egoístas, preguisoços e cobardes acho que temos também a nossa quota parte de prostituta. Não que tenhamos relações sexuais com estranhos visando fins monetários, mas porque num certo sentido nos vendemos. Tentamos fazê-lo quando todos os dias pomos a nossa máscara antes de sair de casa e lá vamos nós actuar nesse palco que é o mundo. Não que sejamos falsos, às vezes até somos, mas como tu próprio disseste, não partilhamos o mesmo conhecimento e é por isso que é muito difícil compreendermos verdadeiramente os outros. Às vezes nem a nós nos compreendemos, mas esporadicamente aparece alguém que nos mostra uma visão diferente e após muito matutarmos nas palavras alheias, absorvemo-las, adaptamo-las a nós e nesse sentido, mudamos. Assim vamos vivendo a vida toda, tentando vender-nos, qual putas aladas (perdoa-me o plágio, mas é simplesmente deliciosa a expressão) sem muitas vezes perceber que não interessa tanto o que fazemos, mas sim a maneira como os outros vão interpretar as nossas acções. No fundo, é tudo uma questão de opiniões, e cá fica a minha.

hcg disse...

Máscaras e palco. Muito poderia escrever sobre isso... e talvez escreva. Por agora fica uma pergunta: poderiamos viver sem máscaras, ou pelo menos com a máscara com a qual nos identificamos mais (não sentimos que a temos)? Sempre pensei que sim, mas agora vejo-me enganado. Num mundo de facas tirar a máscara torna-nos num alvo. A teoria da sobrevivência do mais forte não se aplica no mundo dos Homens; só sobrevive aquele que vai contra os seus príncipios sempre que disso dependa a sua sobrevivência. A honra de tempos idos não passa de uma piada e quem a diz que tem deve curar isso. Tirar a máscara? Espero um dia conseguir sem ficar ferido pois disso depende a minha felicidade. Para isso tenho que continuar a aprender o que não vem nos livros.

Tigas disse...

Na vida não há nada que valha a pena ter, que seja fácil de obter. Vivam vivam, vivam os clichés! !Concordo que a felicidade venha quando pudermos tirar a máscara, mas não perante todos. Bom bom, seria encontrar a pessoas certa para tirar a máscara. Aliás, bom bom, era encontrarmos a pessoa que veja por detrás da máscara tornando-a por isso inútil. Assim seríamos verdadeiros e alcançaríamos a felicidade. Quando fala da pessoa certa, não falo necessariamente de amor. Um outro debate interessante é aquele que teoriza sobre se a alma gémea tem necessariamente de invocar o sentimento que habitualmente identificamos como amor.
A aprendizagem não vem nos livros, mas vem nas opiniões dos outros, no que elas suscitam em nós, e no que as nossas suscitam neles. Vivam vivam, vivam as discussões!!

Anónimo disse...

Não quero ser agitador,
nem mero espectador...
Mas penso cá para mim,
que tigas e hcg
pensam que a vida é 3d
e se pode caracterizar assim...

Há grandes poetas,
mas vocês são inventores,
brincam com as palavras
como se fossem extintores...