domingo, outubro 07, 2007

Filmes

A vida devia ser um filme visto pelos olhos de uma criança de 4 anos. O olhar arregalado de quem não sabe o que vai acontecer a seguir, que acredita que tudo o que se passa no filme existe na realidade, que não consegue nem tenta prever o final, que sente e vive cada personagem.
Não existem momentos em que nada de jeito acontece. Tudo tem importância e traz uma mensagem para as personagens. E nos momentos mais marcantes, entra aquela música que nos marca e que associaremos ao filme para sempre, mesmo que de forma inconsciente. Todos os diálogos são perfeitos e temas danados e complicados são vistos de uma perspectiva única que apenas nos leva a valorizar a vida em vez de ter medo da morte. Não que a dor não exista nesses filmes; é também através da dor que sabemos que estamos vivos.
Mas tudo seria simples e não existiria preocupação com o futuro. Quando o filme acabasse, as personagens continuariam vivas, desenhadas num quadro imutável guardado em nós. Não pensariamos em sequelas pois o final foi perfeito; o filme foi perfeito.
O problema é que nada é perfeito; nem sequer as imperfeições que imagino nas pessoas correspondem às que nelas encontro. Há pessoas demasiado perfeitas tal como há pessoas demasiado reais, sem imaginação nem fantasia nos corações; com os pés firmemente assentes na terra. Se eu não vivo neste mundo, como poderei então conviver com quem não passa de figurante no filme fantástico em que procuro participar?

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